Friday, May 10, 2019

Nova edição da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica


Está nas bancas uma nova edição da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, desta vez com o selo da editora Ponto de Fuga. Já tinha havido, há uns anos, uma reedição pela Afrodite e Frenesi. Esta nova edição apresenta-se mais completa.
Depois de ver sucessivos livros seus apreendidos pela Censura do Estado Novo, Natália Correia aceitou o convite do visionário editor da Afrodite, Fernando Ribeiro de Mello, para organizar esta Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica. «Finalmente num único livro», prometia a cinta que acompanhava o volume, publicado em dezembro de 1965, «a poesia maldita dos nossos poetas», «as cantigas medievais em linguagem atualizada», «dezenas de inéditos» e «a revelação do erotismo de Fernando Pessoa». 
A obra causou escândalo e foi apreendida pela PIDE, com vários dos intervenientes julgados e condenados em Tribunal Plenário, num processo que se arrastou durante anos. É agora republicada pela primeira vez com as ilustrações originais de Cruzeiro Seixas, incluindo também novos textos introdutórios e reproduções de documentos que contextualizam um marco histórico na edição em Portugal.
Esta reedição da obra de Natália Correia pela Ponto de Fuga reproduz a original: além das ilustrações de Cruzeiro Seixas, e do prefácio e notas da autora, por debaixo da sobrecapa -- que apresenta uma foto de uma jovem Natália Correia -- esconde-se uma réplica da capa original, em tudo igual à da edição da Afrodite, exceto o nome da editora.
A Ponto de Fuga acrescentou-lhe ainda novos textos introdutórios e reproduções de documentos que contextualizam este marco histórico na edição em Portugal.
Numa introdução intitulada 'Versos escarlates, risos amarelos e lápis azuis: crónica de um livro proibido', Vladimiro Nunes conta toda a história desta antologia, desde a sua génese, incluindo o processo judicial a que deu origem, apresentando cópias das notícias da imprensa da altura, dos relatórios da censura e dos autos da polícia.
Segue-se um outro texto introdutório, da autoria de Francisco Topa, professor da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, intitulado 'Fahrenheit 451' -- uma alusão ao romance de Ray Bradbury que se passa num futuro onde todos os livros são proibidos -, no qual se debruça sobre o processo judicial levantado contra a antologia de Natália Correia.

Fonte:  Ponto de Fuga