Nova edição da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica
Está nas bancas uma nova edição
da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, desta vez com o selo da
editora Ponto de Fuga. Já tinha havido, há uns anos, uma reedição pela Afrodite e
Frenesi. Esta nova edição apresenta-se mais completa.
Depois de ver sucessivos livros
seus apreendidos pela Censura do Estado Novo, Natália Correia aceitou o convite
do visionário editor da Afrodite, Fernando Ribeiro de Mello, para organizar
esta Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica. «Finalmente num único
livro», prometia a cinta que acompanhava o volume, publicado em dezembro de
1965, «a poesia maldita dos nossos poetas», «as cantigas medievais em linguagem
atualizada», «dezenas de inéditos» e «a revelação do erotismo de Fernando
Pessoa».
A obra causou escândalo e foi
apreendida pela PIDE, com vários dos intervenientes julgados e condenados em
Tribunal Plenário, num processo que se arrastou durante anos. É agora
republicada pela primeira vez com as ilustrações originais de Cruzeiro Seixas,
incluindo também novos textos introdutórios e reproduções de documentos que
contextualizam um marco histórico na edição em Portugal.
Esta reedição da obra de Natália
Correia pela Ponto de Fuga reproduz a original: além das ilustrações de
Cruzeiro Seixas, e do prefácio e notas da autora, por debaixo da sobrecapa --
que apresenta uma foto de uma jovem Natália Correia -- esconde-se uma réplica
da capa original, em tudo igual à da edição da Afrodite, exceto o nome da
editora.
A Ponto de Fuga acrescentou-lhe
ainda novos textos introdutórios e reproduções de documentos que contextualizam
este marco histórico na edição em Portugal.
Numa introdução intitulada
'Versos escarlates, risos amarelos e lápis azuis: crónica de um livro
proibido', Vladimiro Nunes conta toda a história desta antologia, desde a sua
génese, incluindo o processo judicial a que deu origem, apresentando cópias das
notícias da imprensa da altura, dos relatórios da censura e dos autos da
polícia.
Segue-se um outro texto
introdutório, da autoria de Francisco Topa, professor da Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, intitulado 'Fahrenheit 451' -- uma alusão ao romance de
Ray Bradbury que se passa num futuro onde todos os livros são proibidos -, no
qual se debruça sobre o processo judicial levantado contra a antologia de
Natália Correia.
Fonte: Ponto de Fuga
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