Saturday, May 12, 2007

E. M. de Melo e Castro


Três das mais interessantes publicações de Fernando Ribeiro de Mello tiveram a marca do engenheiro Melo e Castro. Em 1965 alguns dos seus poemas foram incluídos na Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, vindo por tal a ser um dos condenados pelo Tribunal Plenário de Lisboa. Esses poemas e outros posteriormente escritos foram editados nas Edições Afrodite em Abril de 1975, num volume intitulado Cara Lha Amas – poemas eróticos e sarcásticos. Em 1974, Melo e Castro aproveitou a 1.ª edição da Antologia do Conto Fantástico Português e assumiu a responsabilidade da 2.ª edição, acrescentando e excluindo contos, escrevendo também as notas críticas de apresentação e um estudo introdutório.

Bio-bibliografia escrita pelo poeta para a Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica:

CRIMES DO SR. E. M. DE MELO E CASTRO

-Nasce na Covilhã em 19-4-1932
-Frequenta Medicina em Lisboa
-Vive 3 anos em Inglaterra onde se forma (distintamente) em Engenharia Têxtil (Bradford)
-1956 – Regressa a Portugal e ainda não se adaptou
-Professor do Ensino Técnico
-Director Adjunto do Laboratório Têxtil da F. N. I. L.

(fase pré-poética)
-1952 - «Sismo»
-1953 - «Salmos»
-1956 - «Ignorância da Alma»
-1960 - «Entre o som e o sul»
-1961 - «Queda Livre» - (col. Pedras Brancas)
-1962 - «Mudo Mudando» - (Notícias do Bloqueio»
-1962 - «Ideogramas» - (Guimarães Editores)
-1963 - «Poligonia do soneto» - (Guimarães Editores)
-«Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa» (em colaboração com Maria Alberta Menéres). 1.ª e 2.ª edições, 1959 e 1961 – Círculo de Poesia – Livraria Morais.
-Esquemas para o estudo da Poesia de António Ramos Rosa – in «Ocupação do Espaço» - Portugália Editora.
-«A Proposição 2.01 – Poesia Experimental» - 1965 – Ulisseia (colecção Poesia e Ensaio).
-Espera morrer um dia

Acrescentamos o seguinte:

Ernesto Manuel de Melo e Castro é um dos promotores mais entusiastas e lúcidos do vanguardismo fixado à fase da poesia «experimental», na qual o problema da essência implica a acuidade fenomenal do poema. Pressupõe-se, assim, a poesia como matéria viva cuja organização obedece a uma coerência própria. Neste terreno, a terminologia erótica, adquire uma nova especificidade: ela liberta-se da contaminação discursiva que nela espalha a cor obscena, para se converter em substância de um universo que cria pelo poder físico da palavra coisificada.
Como assinalámos na Introdução a esta Antologia encara-se assim a reconstrução do mundo a partir da reabilitação do execrado.Outra nota curiosa a destacar na poesia de Melo e Castro é o tratamento formal da tradição escarninha no poema «Delicadeza», cuja técnica de esconjuro usa os recursos da fórmula mágica que subjaz à poesia concretista.