Cadeia ou hospício
Na publicação 1 Homem Dividido Vale
por 2, sobre Luiz Pacheco e a sua Contraponto, editada aquando de uma exposição na Biblioteca
Nacional, em 2009, encontramos um texto que saiu no Diário da Manhã em 9 de Abril de 1966.
Transcrevemos abaixo
esse curioso texto, onde sem nomear a
obra em questão, rápidamente percebemos que se escreve sobre a Filosofia na Alcova, do Marquês de Sade, publicada por Fernando Ribeiro de Mello. O
prefaciador referido é Luiz Pacheco e o escritor e crítico literário é David
Mourão-Ferreira.
Dia a Dia
Cadeia ou hospício
A Polícia Judiciária anunciou, há
dias, a apreensão de diversos livros imorais e pornográficos em diversas
regiões do País. Chegou-nos agora às mãos um exemplar de uma das «obras» e
pudemos verificar até que ponto a corrupção moral, na sua acepção absoluta, se
exibe cinicamente por aí. As depravações sexuais abomináveis são ali expostas e
até preconizadas com uma crueza tão revoltante, com um vocabulário tão reles,
que nos recusamos a aceitar como pessoas humanas aqueles que as difundem,
apoiam e fazem o elogio. O homossexualismo, a sodomia, o incesto são ali
propagandeados como se de virtudes se tratasse. A juntar a isto, um dos
prefaciadores permite-se insultar a magistratura do tribunal da Boa Hora, por
onde se gaba de já ter passado. Torna-se claro que a indivíduos deste estofo
não poderá permitir-se-lhes o contacto com uma sociedade medianamente digna. O
caminho só poderá ser a cadeia ou o hospício.
Outro aspecto impressionante a
referir é o apadrinhamento que a este manual de devassidão concedeu certo
escritor e crítico literário, que desfrutou ou desfruta ainda em alguns orgãos
de informação pública – até oficiais! – de tribunas de excepcional relevância.
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