Saturday, April 18, 2009

Kontinent 2

(edição de Abril de 1978)



Kontinent 2 – Ditadura sem proletariado

Textos de: Wladímir Maksímov, Robert Conquest, Aleksandr Solzhenitsyn, representantes das fábricas da cidade de Petrogrado, Graham Greene, Ota Filip, Adalbert Reif, Víktor Nekrásov e Karl-Gustav Strőhm.
Tradutor: Armando Costa e Silva
Adaptação da capa: Jorge Cardoso
Colecção Documentos
Edição de Fernando Ribeiro de Mello / Edições Afrodite

Na Contracapa


KONTINENT é publicado em russo (Londres), alemão (Ullstein), francês (Gallimard), italiano (Garzanti), inglês (André Deuch), americano (Doubleday), espanhol (Unión Editorial, S. A) e agora também em português. Como «tribuna independente dos escritores do leste europeu», nela colaboram os maiores representantes dos dissidentes da área comunista: Soljenitsine, Sakarov, Siniavski, Brodskii, Pachman, Nekrásov, Maksímov e tantos outros.
Num sentido mais amplo – e mais concreto – Kontinent quer constituir uma plataforma – um «continente» - integrada por «todas as forças antitotalitárias em luta espiritual pela liberdade e pela dignidade do homem.

Kontinent 1

(edição de Abril de 1978)

Kontinent 1 – Os intelectuais e o poder soviético

Textos de: Aleksandr Solzhenitsyn, Ludek Pachman, Abram Terz, Leszek Kolakowski, David Anin, Carl-Gustav Strohm (entrevista a Milovan Djilas) e Iosif Brodskii.
Tradutor: João Aguiar
Adaptação da capa: Jorge Cardoso
Colecção Documentos
Edição de Fernando Ribeiro de Mello / Edições Afrodite

Na Contracapa

KONTINENT é publicado em russo (Londres), alemão (Ullstein), francês (Gallimard), italiano (Garzanti), inglês (André Deuch), americano (Doubleday), espanhol (Unión Editorial, S. A) e agora também em português. Como «tribuna independente dos escritores do leste europeu», nela colaboram os maiores representantes dos dissidentes da área comunista: Soljenitsine, Sakarov, Siniavski, Brodskii, Pachman, Nekrásov, Maksímov e tantos outros.
Num sentido mais amplo – e mais concreto – Kontinent quer constituir uma plataforma – um «continente» - integrada por «todas as forças antitotalitárias em luta espiritual pela liberdade e pela dignidade do homem.

Monday, April 13, 2009

A Defesa do Poeta






Em 1966 é condenada a três anos de cadeia – com pena suspensa – pela publicação da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica. O livro foi editado em 1966, pela Afrodite, com selecção, prefácio e notas de sua autoria. “A Natália tinha preparado um texto – A Defesa do Poeta – para ler no tribunal [Compus este poema para me defender no Tribunal Plenário de tenebrosa memória(…)]. Mas o Manuel João Palma Carlos, advogado dela, disse-lhe que não o fizesse. É claro que os livreiros não podiam ter um único exemplar do livro [Poesia Erótica e Satírica]. Nessa altura, tive dezenas de exemplares escondidos em minha casa, e nem o meu marido sabia disso. O Fernando Ribeiro de Mello vinha cá de vez em quando buscar alguns.”

Branca Miranda Rodrigues


A Defesa do Poeta


Senhores juízes sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto.


Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim.


Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes.


Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei.


Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em crianças que salvo
do incêndio da vossa lição.


Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
dou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis.

Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além.


Senhores três quatro cinco e sete
que medo vos pôs em ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?


Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa.


Sou um instantâneo das coisas
apanhadas em delito de paixão
a raiz quadrada da flor
que espalmais em apertos de mão.


Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever.
Ó subalimentados do sonho!
A poesia é para comer.