Monday, May 08, 2017

«Insólita ofensiva de corrupção»

A exposição "Insólita ofensiva de corrupção" sobre a história da Editora Afrodite está patente na Biblioteca Nacional até 20 de maio. 

Esta exposição na Biblioteca Nacional de Portugal marca a primeira homenagem pública ao editor da Afrodite (se excetuarmos uma sessão de “pré-apresentação” do livro Editor Contra em Maio de 2015, que contou com a presença do autor e de Vitor Silva Tavares).


Para além de uma amostra da bibliografia da editora e de exemplos dos ecos que ela teve na imprensa, pretendeu-se incluir também um grupo de edições de “contexto”, livros que, sobretudo no arranque do projeto, estariam no radar do editor como modelos ou referências (exemplos das edições da Contraponto de Luiz Pacheco, da Minotauro ou da Ulisseia na fase em que Vitor Silva Tavares a dirigiu). Nesse grupo se incluem edições de Jean-Jacques Pauvert, cujo L’Affaire Sade de Maurice Garçon (1957) foi notório modelo na argumentação do advogado de defesa de Ribeiro de Mello no processo à edição da Filosofia na Alcova, Manuel João da Palma Carlos (e modelo também para outra edição referente a outro processo famoso então, o L’Affaire Lolita do editor Maurice Girodias e da sua Olympia Press). O objetivo foi o de tornar claro que os processos à Afrodite, raríssimos no panorama editorial nacional no Estado Novo, se inseriam num contexto internacional de luta de alguns editores em tribunal pela liberdade de expressão e publicação (luta que passava o Canal da Mancha e o Atlântico, para incluir a Penguin de Londres e a Grove Press de Nova Iorque).

Os livros, materiais de imprensa e documentos de arquivo expostos que não pertencem aos fundos da Biblioteca Nacional foram cedidos pelo autor ou são cópias de documentos amavelmente cedidos por Antonina Ribeiro, Francisco Alves e Vitor Silva Tavares para a produção do livro Editor Contra.

Pedro Piedade Marques
Comissário